Mitos sobre Cuba: internet, papel higiênico, segurança etc

Você está arrumando as malas, mas não consegue parar de pensar nos mitos sobre Cuba? Calma, você não é o único.

Infelizmente, por uma série de motivos, nem tudo o que ouvimos nos noticiários ou lemos por aí refletem a realidade que encontraremos hoje na ilha. Nesse emaranhado de narrativas, mitos, meias verdades e mentiras se misturam.

Por isso, a partir da minha experiência no país, apresento algumas respostas a questões que eu ouvia falar sobre Cuba antes da minha viagem. Mito ou verdade? Descubra agora!

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Principais verdades sobre Cuba

Uma coisa é verdade, nós sentimos um certo estranhamento ao chegar em Cuba, porém, passado o susto, o país da América Central não é tão diferente assim. Os fatos que eu considero mais curiosos estão a seguir:

• Não tem internet
• Falta tudo, até papel-higiênico
• Segurança, educação e saúde de qualidade

Não tem internet

Já foi verdade! Fui para Cuba avisando aos amigos e familiares que provavelmente ficaria alguns dias sem entrar em contato. Achei que acesso à internet fosse coisa rara por aqui, mas, já no primeiro dia, vi que estava enganada.

Nas principais cidades, existem áreas públicas estratégicas com sinal wi-fi. O acesso é realizado por meio de um cartão pré-pago, com 1h de duração, que pode ser usado aos poucos.

O valor para turista é de 1CUC, chegando a 3CUCs em alguns lugares, como hotéis que revendem os cartões. Para locais, assim como para tudo, o preço é bem inferior, e sempre pago em CUPs. Equivaleria a alguns poucos centavos de real para a gente.

Em hotéis, hostels e casas de família também é comum haver sinal de internet, embora o cartão de acesso continue sendo necessário.

O ponto também é instalado em residências comuns, mas acredito que isso dependa muito da localidade e parece ser ainda pouco acessível ao bolso do povo cubano. Nesse caso, também são disponibilizados pacotes de acesso mensal.

A origem da afirmativa

O fato é que o acesso à internet é coisa bem recente no país. Por isso, muitas informações encontradas por aí, relativamente atuais (dos últimos anos), já não refletem mais a realidade de Cuba. O trecho da notícia abaixo, do site Cuba Debate, é de março de 2016:

“Nós, cubanos, queremos – precisamos – da internet. E logo. Para ontem. Para melhorar nossas relações comerciais, econômicas e culturais; estar um pouco menos parados no século XX.

E isso é impossível enquanto não houver infraestrutura de telecomunicações que permita amplo acesso da grande maioria, o que não conseguiremos mesmo se convertermos até o último parque em nosso país em ponto de acesso wi-fi” (tradução livre).

A reivindicação daquele povo, aos poucos, é atendida. O alcance em residências comuns, por exemplo, começou a ser implementado, de forma experimental, em 2016, em Havana.

Há pouco mais de um mês, a Empresa de Telecomunicaciones de Cuba (Etecsa) também anunciou que o serviço de telefonia móvel (3G) está prestes a ser disponibilizado. Ou seja, as coisas estão mudando.

Não podemos falar em uma internet ampla, universal, ideal ou da melhor qualidade ainda na ilha. E no Brasil, podemos? Vi muitas pessoas em praças públicas fazendo vídeo-chamadas pelo celular, ainda que a conexão seja, muitas vezes, lenta.

Confesso que isso nem sempre é possível na minha casa, com internet banda larga, sem que inúmeros cortes aconteçam.

Quis aprofundar esse tópico porque acredito que seja algo que realmente interesse a maior parte de vocês, viajantes. Se hoje não consigo me ver desconectada – tenho acesso à internet em casa, na universidade, no celular, no metrô e em quase todos os lugares que vou –, o acesso cronometrado em Cuba, me fez refletir sobre o tempo que tenho despendido entre uma mensagem e outra e a real necessidade de estar 100% online.

Falta tudo, até papel-higiênico

Mito! Entre os itens que levei na minha mala estavam alguns rolos de papel-higiênico e barrinhas de cereal, só para garantir. Foi um exagero da minha parte.

Para não trazer de volta na mala, fui deixando em restaurantes de beira de estrada os rolos e as barrinhas foram comidas de qualquer jeito, porque é um lanche que eu gosto. Necessidade de verdade? Não havia nenhuma.

Mesmo com as restrições comerciais impostas ao país, papel-higiênico é um item que, ao menos hoje, é encontrado em qualquer mercadinho. Neles também são ofertados alimentos e outros produtos de higiene, tudo em pequenas quantidades, e com muitas marcas desconhecidas por nós.

Há um grande senso de coletividade em Cuba, ninguém sai comprando um estoque de determinado produto, a exemplo do que vimos ocorrer recentemente no Brasil, durante a greve de caminhoneiros. Até mesmo porque o poder aquisitivo é pouco variável, embora a expansão do turismo dê brecha para maiores oscilações.

Segurança, educação e saúde de qualidade

Verdade! De acordo com o economista Ricardo Amorim, apresentador do programa de TV Manhattan Connection, em Cuba, apenas essas três coisas funcionam: segurança, saúde e educação.

De fato, as necessidades básicas dos cidadãos da ilha, incluindo as três, são muito bem atendidas. E talvez seja, realmente, o melhor de Cuba. Poderíamos ainda acrescentar o acesso à moradia e alimentação, entre outros.

Saúde

A atenção à saúde básica e familiar é muito forte. Há médicos comunitários à disposição da população, são pessoas comuns, que já ganham salários equivalentes a maioria das outras profissões, e acessíveis. (Isso também me fez entender um aspecto fundamental: a vocação é primordial na escolha de uma profissão em Cuba).

Os equipamentos para realizar exames e cirurgias, é claro, podem deixar a desejar. Uma amiga que fez um curso em um hospital de Havana me contou que profissionais da área da saúde do país fazem milagres com os recursos e pouca tecnologia que possuem. E ainda é muito comum o uso de medicina natural como alternativa a alguns medicamentos.

Segurança

Não me senti insegura em nenhum momento no país. É libertador poder andar pelas ruas das cidades sem preocupação. Os relatos de assaltos ou qualquer caso de violência, mesmo a turistas, são raros. “Uns dois casos por ano”, ouvimos em Trinidad.

É preciso destacar que vi alguns relatos de assédio a mulheres estrangeiras em blogs. Casos menos graves, sem contato físico (palavras e olhares), mas ainda assim assédio.

Talvez por estar acompanhada por homens, não vivenciei isso. No entanto, uma amiga, que viajou sozinha, confirmou que esse foi um ponto que a incomodou.

Educação

Crianças e adolescentes com uniforme de colegial são vistas com frequência pelas ruas do país. Passei em frente de inúmeras escolas, mesmo nos menores vilarejos. Isso sem falar no acesso gratuito à graduação e pós-graduação, o que ocorre, no entanto, mediante processo seletivo.

A conversa com locais reflete a qualidade da educação. Em geral, são pessoas de amplo conhecimento cultural, histórico e político. Sim, a política (de esquerda) está em todos lugares. Bilíngues, trilíngues… Inglês fluente é, de fato, o básico para quem vive em Cuba, muito em razão da necessidade imposta pelo turismo.

Sobre o Brasil, sabiam bastante da política e das novelas, também famosas. Se falavam português? Quase nada.

Existem muito mais mitos sobre Cuba, porém, procurei não entrar muito em questões políticas neste post (já que elas variam muito de acordo com a visão de cada pessoa), embora, em se tratando de Cuba, seja quase impossível.

Você já viajou para Cuba? Quais foram suas impressões do país? Se não foi, o que mais te desperta curiosidade? Deixe sua resposta aqui nos comentários, vamos bater um papo.

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